SUCULENTAS
- PLANTAS DA MODA
Um olhar mais atento
para o setor de plantas dos supermercados, floriculturas, feiras de plantas ou mesmo
nas mídias sociais permite detectar que, atualmente, as suculentas são as
plantas da moda ou plantas em voga. Muitos sites e blogs oferecem mudas de
suculentas além de dicas para cultivo e, assim, o interesse por elas só tem
aumentado.
Mas que plantas são essas? De onde vem e o porquê do interesse atual? Vamos então a um pouquinho de geobotânica.
As plantas, seres vivos que são, necessitam de condições edafoclimáticas relacionadas ao solo e ao clima (disponibilidade de água, luz e atmosfera). Em muitas regiões do planeta há escassez de água, com chuvas escassas ou ausência de recursos naturais como rios, córregos e lagos. Nessas regiões, porém, não há ausência de vegetação; as plantas que aí crescem foram se adaptando a essas condições. Ainda que o conceito genérico de plantas suculentas se associe a zonas áridas, existem espécies autóctonas que vivem em regiões mais úmidas e em condições de baixa luminosidade. Com isso, a distribuição e a dispersão de plantas suculentas são bem mais amplas do que a ideia geral concebe.
Plantas expostas a ambientes áridos, sol escaldante a maior parte do ano e com escassos recursos hídricos precisaram se adaptar ao longo dos anos a essas condições, transformando suas estruturas, ou parte delas em “reservatórios de água”, além de desenvolver mecanismos para diminuir a evapotranspiração que é a perda de água das plantas pelo processo de transpiração, além da evaporação da água do solo. Espécies com estas características ocorrem mais nas zonas tropicais e temperadas, sendo conhecidas como plantas suculentas porque toda sua estrutura ou partes dela, geralmente as folhas, são suculentas ou carnudas. Lembrando que em latim, a palavra succus significa suco.
A questão é que o termo
“suculenta” é arbitrário e comumente aplicado a um grande número de plantas que
têm em comum, o fato de suportarem longos períodos de seca em seus habitats
naturais, algumas entrando em repouso vegetativo como os animais entram em
hibernação. Para tanto, armazenam umidade em seus tecidos, que pode ser nas
raízes, caules e folhas, modificando-os em unidades de reserva da planta e isso
permite atravessar períodos de seca quando têm dificuldade em absorver um
mínimo de água do solo. Por isso, os limites para a definição de plantas que
são suculentas ou não, em geral, são muito imprecisos.
“Cactos e suculentas” ou “Cactos e outras Suculentas” são nomenclaturas muito usadas para agrupar e descrever essas plantas e com frequência encontradas em livros e catálogos. Sugerem ainda, que os cactos são mais numerosos que as suculentas. Botanicamente, no entanto, é um engano considerar que a maioria dos cactos são plantas suculentas e que todos os cactos e suculentas são plantas xerófitas (de lugares secos). Publicações estrangeiras das décadas de 70 e 90 do século XX adotam esta nomenclatura, como ilustrado a seguir.
Historicamente, os
cactos sempre estiveram mais em evidência e a eles foram (e são) dedicados
muitos estudos, pesquisas, publicações diversas e livros, quase sempre
referenciados como uma planta suculenta ou fazendo parte deste grupo.
Em português (de
Portugal) há o livro “Cactos” de J. Nilaus Jensen, Editorial Presença, LDA,
Lisboa, Portugal, 1978 que no prefácio relata: “os cactos, que tanto vemos no mercado como em casas particulares, podem
dividir-se em dois grupos: os verdadeiros cactos, que formam uma grande família
e as restantes plantas suculentas, que representam várias outras famílias. Por
plantas suculentas entende-se plantas que nos caules ou nas folhas contêm em
reserva uma camada de seiva armazenada, para ser usada nos períodos secos.
Estas nascem principalmente nos desertos, e por mais diversas que sejam as suas
formas têm todas, duma maneira geral, o mesmo modo de viver. Porém, enquanto os
verdadeiros cactos têm o seu território na América, espalhando-se entre a
América do Norte e a América do Sul, as restantes plantas suculentas
encontram-se principalmente nas regiões desérticas do Velho Mundo, embora
também se encontrem entre os cactos no Novo Mundo.
No Brasil desconhecemos
livros nacionais específicos sobre essas plantas nas décadas mencionadas
anteriormente. No entanto, foi possível encontrar referencia às suculentas em
um suplemento do “Jornal Plantas e Flores”, de março de 1979.
As publicações mais
antigas mostram os cactos como os representantes mais típicos de plantas
suculentas, ainda que formassem um grupo específico entre elas. Na verdade foram
eles, os cactos, que tiveram que adaptar mais suas estruturas às condições
edafoclimáticas. Porém, muitas suculentas exóticas com adaptações semelhantes às
dos cactos são erroneamente confundidas com eles.
Sir Oliver Leese, em
seu livro “Cacti” (1973) “acredita que se
pode ter um longo caminho/processo no conhecimento de plantas, se estudarmos
seus hábitos e tipos de vida em seus países de origem e, a partir daí, tentar
imitar algumas dessas condições na maneira como exibimos e cultivamos nossas
próprias plantas. Alguma informação muito específica deve, obviamente, ser
modificada para adequar às circunstâncias nas quais temos para cultivar essas
plantas e isso, pode variar muito. Os cactos provêm, quase que exclusivamente
das Américas e por isso, sua distribuição geográfica permite um estudo
fascinante em si mesmo. As Américas constituem vastos continentes e que através
de suas extensões e larguras, possibilita encontrar quase todo tipo de situação
climática, com condições para o crescimento de plantas totalmente diferentes. É
possível encontrar cactos no Canadá, USA e América Central e extremo sul da
América do Sul”.
Ainda sobre os cactos,
Jensem, J.N. “Cactos”, Editorial Presença, LDA, Lisboa, Portugal, 1978, relata
que “na América do Sul, encontram-se no
Brasil, no Peru e nas terras altas argentinas, estendendo-se pelo Chile até a região
da Patagônia, onde cresce quase até ao Estreito de Magalhães, a espécie que se
encontra mais a sul, a Maihuenia patagônica”.
Maihuenia patagônica - Uploaded by
Carolina Gonzalez.



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